Grupo de Estudos de Filosofia Política (FAFIL/UFG) - Prof. Dr. Fabien Schang
O Grupo de Estudos Esquerda? Direita?, coordenado pelo Prof. Dr. Fabien Georges Jacques Schang (e-mail: schangfabien@gmail.com (lattes:https://bit.ly/2G8jLSB), dedica-se ao significado dos conceitos políticos de esquerda e direita atravès diferentes modelagens.
Resumo do grupo de estudos
Introdução
Uma polêmica aconteceu recentemente no Brasil, segundo a qual o nazismo seria uma teoria política de esquerda.
https://www.dw.com/pt-br/brasileiros-criam-debate-que-não-existe-na-alemanha/a-45531446
Contra essa polêmica de “círculos de direita brasileiros”, a opinião comum dos “historiadores sérios” é que o nazismo não pode ser outra coisa senão uma teoria da extrema-direita.
Há pelo menos duas análises dessa polêmica: uma fatual e outra moral. A segunda vai ser preferida e incluir um caso de reductio ad hitlerum, levando assim a uma analise alético-moral do raciocínio político. Basicamente, esquerda e direita são definidos em termos de relações inferenciais entre conceitos políticos, ou sub-valores. As condições de atribuição de valores morais e as relações de inferências entre sub-valores irá produzir uma abordagem semiformal ou operacional da política.
Objetivo
O objetivo geral da exposição é elaborar um quadro explicativo para os conceitos políticos de esquerda e direita, a partir de dois parâmetros semânticos: o valor moral dos sub-valores; as relações de inferência entre esses sub-valores. Assim, trata-se de definir esses conceitos binários a partir de uma perspectiva expressivista e pluralista dos valores do bem e do mal. O desacordo sobre o que é esse bem comum justifica a existência da esquerda e da direita, além de suas posições extremas.
Metodologia
A metodologia que utilizaremos com vistas ao objetivo acima está baseada em três hipóteses de trabalho.
Primeiramente, expor a analogia existente entre os domínios da epistemologia e da política. Assumirmos que, do mesmo modo que o conhecimento é o objetivo final da epistemologia, também a concordância social pode ser considerada o alvo da política; o conhecimento pode ser definido com base nos conceitos de crença, de verdade e de justificação, assim como a concordância social pode ser definido a partir da combinação da opinião pública, do bem comum e da deliberação.
Em segundo lugar, aceitamos uma explicação pluralista dos conceitos análogos de verdade e de bem comum: há mais do que uma maneira de justificar e preservar esses valores.
Por fim, em terceiro lugar, a explicação inferencial se dá em termos de preservação do bem ou de rejeição do mal. A pluralidade dos modos de preservação justifica a distinção capital entre esquerda e direita. Três modelos explicativos serão apresentados para exemplificar esse pluralismo, a saber:
(1) os modelos espectrais, onde esquerda e direita são definidos em termos de fatores quantificados em abscissas e ordenadas;
(2) os modelos não espectrais, baseada sobre valorações morais (bem, mal) e, inclusive:
(2.1) os modelos cumulativos, segundo os quais esquerda e direita são um conjunto de sub-valores cuja importância é ordenada e associada com certo índice de relevância;
(2.2) os modelos inferenciais, onde esquerda e direita são caraterizadas por inferências mistas entre aprovações ou desaprovações de sub-valores conectados.
Resultados
Uma teoria formal da política deve ser capaz de ultrapassar a relatividade histórica das caracterizações da esquerda e da direita. O seu poder explicativo tem que ser testado na sua capacidade a explicar alguns fenômenos como os seguintes: a reductio ad hitlerum; a distinção entre esquerda/direita, centro e extremas; a relação entre opinião publica e propaganda; populismo e “fake news”; demagogia e “pegatudismo”; o ninismo como niilismo político.
Professores e alunos interessados pela filosofia política e ciência política são bem-vindos.
O cronograma do grupo esta em preparação.
Para qualquer informação sobre as sessões: schangfabien@gmail.com
Palavras-chave
Amigo; Direita; Esquerda; Inimigo; Reductio ad hitlerum; Sub-valores.
Bibliografia
M. Adams. “Knowing when disagreements are deep”, Informal Logic, Vol. 25, 2005: 65-77.
Aristoteles. Ética a Nicômaco, Livre II, Chap. VI.
de Beauvoir. “La pensée de droite, aujourd’hui”, in Les Temps Modernes, avril/mai 1955, p. 1569.
Arthur Danto. “O Mundo da Arte”. In: D’Orey, Carmo. (Org.). O que é arte? A perspectiva analítica. Lisboa: Dinalivro, 2007, pp. 79-99.
P. Fayes. Le siècle des idéologies, Paris, Armand Colin 1996.
J. Fogelin. “The Logic of Deep Disagreements”, Informal Logic, Vol. 25, 2005: 3-11.
Freund. L’essence du politique. Paris, Editions Sirey, 1965.
B. Gallie. “Essentially contested concepts”, Proceedings of the Aristotelian Society, Vol. 56, 1955-56: 167-198.
J. Gensler. Formal Ethics, London and New York, 1996.
Green & R. Kortum: “Can Frege’s Farbung Help Explain the Meaning of Ethical Terms?”, Essays in Philosophy, Vol. 8, 2007: 1-42.
Habermas. “Trois versions de la démocratie libérale”, in Le Débat, Vol. 3, 2003, pp. 122-131.
M. Hare. The Language of Morals, Oxford University Press, 1952.
Julliard. Les gauches françaises : 1762-2012 : Histoire, politique et imaginaire. Editions Broché, 2012.
Khoo. “Code Words in Political Discourse”, Philosophical Topics, Vol. 45: 33-64, 2017.
Kirchin, ed. Thick Concepts, Oxford University Press, 2013.
Lakoff & M. Johnson. Metaphors We Live By, The University of Chicago Press, Chicago, 1980.
G, March & J. P. Olsen: The Logic of Appropriateness, University of Oslo, 2009: 1-28.
Mouffe. Agonistique: penser politiquement le monde, éditions Beaux-Arts de Paris éditions, 2014.
Rémond. Les Droites en France. Paris, Aubier, 1982.
Schang. “Le ninisme est-il un nihilisme ?”, Implications Philosophiques, 2015:
http://www.implications-philosophiques.org/actualite/une/le-ninisme-est-il-un-nihilisme/
Schmitt. La notion du politique - Théorie du partisan, Paris, Calmann-Lévy, 1972.
Schulz. Logic of Consequences and Logic of Appropriateness, University of British Columbia, 2014: 1-15.
Segeberg. “A deontic logic of action”, Studia Logica: An International Journal for Symbolic Logic, Vol. 41, 1982: 269-282.
Sinnott-Armstrong, “An Argument for Consequentialism”, Philosophical Perspectives, Vol. 6, 1992: 399-421.
Tappolet. “Truth Pluralism and Many-Valued Logics: A Reply to Beall”, The Philosophical Quarterly, Vol. 50, 2000: 382-385.
P. Väyrinen. The Lewd, the Rude and the Nasty (A Study of Thick Concepts in Ethics), Oxford University Press, 2013