
I Encontro Escutas Feministas
Apresentação
O projeto Escutas Feministas, concebido em 2017, como uma ação de extensão de caráter interdisciplinar, extra e interinstitucional, tem como integrantes docentes de diferentes unidades da UFG e do IFG, discentes de graduação e pós-graduação e colaboradoras externas de diversos Coletivos. Por meio do exercício da escuta, intenta refletir não apenas sobre a desigualdade de gênero, as dificuldades e violências enfrentadas pelas mulheres em uma sociedade patriarcal e misógina, mas também quer trazer à tona suas estratégias de resistência, suas histórias de superação e emancipação, seus saberes e visões de mundo, seu poder de congregar e transmitir, sua capacidade de agir e transformar.
Desdobrando-se, como faz o feminino e o feminismo, essas Escutas são Internas e Externas. As primeiras dão-se no âmbito das instituições envolvidas e buscam saber da realidade de professoras, alunas, funcionárias técnico-administrativas e terceirizadas no que se refere às suas condições de trabalho, vivências e convivências. As Externas interessam-se por pensamentos, experiências e práticas de mulheres que atuam em outros espaços da comunidade local e regional. São escutas que dão voz e visibilidade, que registram e afirmam existências que importam, que aprendem e (e)laboram em conjunto, apoiando-se e referenciando-se umas nas outras. São escutas que buscam ouvir (e ver) para dialogar com o múltiplo (MULHERES, no plural) e que por isso consideram os elementos que diversificam, singularizam e complexificam nossas demandas.
O conceito de interseccionalidade, relevante para as várias teorias e epistemologias feministas que pautam nossos estudos, discussões e ações, orienta o projeto. Raça, classe, etnia, sexualidade, idade… são marcadores implicados em uma estrutura de opressão que importa combater com urgência. Sobrepondo-se ao gênero, há outros “estigmas” que contribuem para a desvalorização, deslegitimação, exploração e violação da(s) mulher(es) e que precisam ser levados em conta nos estudos e práticas feministas. Apresenta-se (e justifica-se) assim esse I Encontro Escutas Feministas: como um necessário, poderoso e mobilizador espaço de diálogo; como expressão de nosso compromisso de dar um retorno à Universidade e à Comunidade acerca das realizações do projeto e do desejo de materializá-las em ações formativas.
Escolhemos começar o Encontro no Dia da Consciência Negra como forma de assumir e afirmar a urgente responsabilidade de ouvir e acolher os diversos (e por isso tão ricos!) tons das vozes das mulheres que construíram e constroem o Brasil. Nosso contexto político nos questiona e provoca. Respondemos aos desafios contemporâneos resgatando o exercício ancestral de sentar, olhar nos olhos, ouvir, ser ouvida. Respondemos unidas, em coro. Em alto e bom som!