MINI CURSO: Questões éticas, retóricas e estéticas no mito de Electra

MINI CURSO: 

Questões éticas, retóricas e estéticas no mito de Electra na literatura grega e cinema

Data: 27 e 28 de Novembro de 2012

Profª Drª MARIA CECILIA DE MIRANDA NOGUEIRA COELHO (UFMG)

 

 

 

Excepcionalmente dia 28/11, estará acontecendo no Mini-Auditório da Fafil.

 

Cv-lattes:  http://lattes.cnpq.br/8912980628014332

Título: Questões éticas, retóricas e estéticas no mito de Electra na literatura grega e cinema

Ementa: O objetivo do minicurso é o de discutir algumas questões no campo da filosofia, literatura e arte, a partir da análise de adaptações de tragédias gregas para o cinema. Partiremos da Retórica de Aristóteles e de sua caracterização das emoções, em particular da cólera -... a toda cólera se segue certo prazer, proveniente da esperança de vingar-se.” (1378a30-32, b1-2) – para estudar a produção desta emoção em filmes que tratam do mito de Electra. Tal comparação permite-nos, também, discutir a   pertinência dos estudos clássicos como ‘lugar’ de construção da memória e chave para compreensão e fruição estética de obras artísticas contemporâneas.

Justificativa
Quando Pier Paolo Pasolini foi a África, buscando locações e pessoas do povo para encenar sua Orestéia africana, da qual temos hoje um fragmento de 65 minutos de filme, ele ficou preocupado em relação à moça que faria o papel de Electra, pois disse que todas eram muito alegres, mesmo vivendo, muitas vezes, sob condições bem adversas. Não encontrava, assim, face que pudesse retratar a dor e a raiva da filha mais velha de Agamêmnon. Esta personagem, que em nome da honra paterna, planeja e ajuda a executar a morte da mãe, a rainha Clitemnestra, foi retratada pelos poetas trágicos gregos em 3 peças: Coéforas, de Ésquilo, Electra, de Sófocles e Electra, de Eurípides. A irmã mais velha de Ifigênia e Orestes também foi levada ao cinema por pelo menos 6 grandes diretores em filmes grego, italianos, húngaro, francês e português, respectivamente: Electra (1962), de Michael Cacoyannis, Appunti para una Orestéia africana (1970), de P.P.Pasolini, Vagas Estrelas da Ursa Maior (1974), de Luchino Visconti, Beloved Elektra (1974), de Miclós Jancsó, Ataque de Defesa (1993), de Jaques Rivettte, e Mal-nascida (2008) de João Canijo. Meu objetivo, assim, é o de analisar alguns aspectos da representação desta persongem no cinema, por meio de diferentes adaptações de sua história, bem como analisar os esquemas retóricos para produzir no cinema uma das paixões já analisadas por Aristóteles - e motivadora de tantas narrativas na literatura e no cinema - a da cólera, definida como desjo de vingar-se, devido a um desprezo não merecido

Referências

Cinematográficas

ANGELOPOULOS, T. A viagem dos comediantes (O Thiasos), Grécia:Papalios Productions,  1975.

BERGMAN, I. Persona, Suécia: Svensk Filmindustri, 1966.

CACOYANNIS, M. Electra, a vingadora (Elektra), Grécia: Finos Film, 1962.

CANIJO, J. Mal-nascida,  Portugal: Clap Films, 2008.

JANCSÓ, M. Beloved Elektra (Szerelmem, Elektra), Hungria: MAFILM, Hunnia Stúdió, 1974.

NICHOLS, D. Mourning becomes Electra, USA: RKO, 1947.

PASOLINI, P.P. Appunti per´una Orestiade Africana, Itália: I Film dell´Orso ,1970

RIVETTE, J. Ataque e Defesa (Secret défense), França: Pierre Grise Productions, 1998

VISCONTI, L. Vagas Estrelas da Ursa (Vaghe stelle dell´Orsa) Itália:Vides Cinematográfica, 1965.

Bibliográficas

ARISTÓTELES Retórica das paixões. Prefácio: Michael MEYER. Introd., notas e trad.: Isis B. da Fonseca. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

BRANDÃO, J.L. Electra no espelho. In: Maria Fernanda Brasete. (Org.). Máscaras, vozes e gestos: nos caminhos do teatro clássico. Aveiro: Universidade de Aveiro, 2002, p. 115-129.

COELHO, M.C.M.N. Literatura Grega e Cinema (Apres. Dossiê)  in Archai, 7(2011), p. 97-101, http://seer.bce.unb.br/index.php/archai/article/view/5542/4635

ÉSQUILO Coéforas Introd., notas e tradução JAA Torrano, São Paulo, Iluminuras, 2004, vol 2

EURÍPIDES  Electra  in Trajano Vieira, Electra(s). Sófocles / Eurípides, Cotia,  Ateliê Ed.,  2009.

GOLDER, H.  Geek Tragedy? – Or, Why I’d Rather Go To the Movies Arion 1, 4 (1996) 175-209.

MACKINNON, K. Greek Tragedy into Film. New Jersey: Fairleigh Dickinson U. P. , 1986.

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PAUL, J. Working with Film: Theories and Methodologies in HARDWICK, L. AND STRAY, C.Y.  (Ed.), A Companion to Classical Receptions, Maldem: Blackwell Publishing, 2008, p. 303-314.

PLANTINGA, C. The scene of empathy and the human face on film, in PLANTINGA, C., SMITH, G. (Ed.) Passionate Views: Film, Cognition and Emotion. The Johns Hopkins U.P, 1999.

SÓFOCLES  Electra in Trajano Vieira, Electra(s). Sófocles / Eurípides, Cotia,  Ateliê Ed.,  2009.

SCHLEGEL, A.  Cours de Litterature Dramatique, Trad. N. de Saussure, Paris, 1865. Cinquième Leçon: Comparaison entre les Choéphores d´Éschyle, l´Électre de Sophocle et l´Électre d´Éuripide. p.172-208

WINKLER, M. Introduction: the god of light and the cinema eye; A certain tendency in Classical Philology; Divine epiphanies: Apollo and the Muses  in Cinema and Classical texts. Cambridge, 2009.